Você existe?
Por que sonho tanto com isso? Manoela pensava infinitamente. A narrativa dela era sempre assim.
“Desde que te vi pela primeira vez o sonho insiste em sondar as minhas noites e dias de devaneios.
Você, garoto lindo, cabelos curtos, estilo militar, roupa informal, estava sempre de jeans, camiseta sob jaqueta também de jeans, ora azul ora preta e por vezes de sarja, botas ou tênis, lindo de qualquer jeito, de olhos cor de âmbar, brilho sobrenatural quando está pensando em algo fugaz, ou mesmo quando está em estado nostálgico. Sorriso fácil a tudo que ouvia.
Um dia te vi sozinho, te vi sorrindo para algo que não sei. Simplesmente você sorria, talvez pensando em uma traquinagem ou em algo já vivido. Era um sorriso genuinamente travesso. Não tive coragem de perguntar, porque não fui apresentada a você, mesma festa, mesma despedida após a formatura, porém ninguém ajudou a me aproximar de você, e eu nem me dei ao trabalho de comentar com ninguém o que você fazia comigo quando te via.
A verdade é que eu viajava para um local indescritível, toda vez que te via, e agora, mesmo não te vendo, você me sonda, vem às noites me presentear com esse sorriso enigmático.
Não tem noção do estrago que faz ao meu pobre coraçãozinho, solitário e sofrido.
Um belo dia, coincidência ou não, te encontrei tomando café numa padaria. Sentado ao balcão, com o seu pingado e manteiga no pão. Estava quieto, olhar distante, pensativo.
Havia passado quase dez anos, seus cabelos estavam grisalhos, tufo de cabelos brancos estavam em volta de suas orelhas, no alto ainda os cabelos insistiam em manter a cor de mel, encaracolados, agora usando-os mais compridos, não mais em estilo militar como antigamente.
Lindo, indescritivelmente, ele não havia perdido aquele charme, que aumentou com os cabelos grisalhos.
Quando o avistei, fiquei estática, pasma, como consegui reconhece-lo após dez anos? Tão diferente daquele menino de dez anos atrás? Até magro para a altura dele? Agora, mais encorpado, o estilo de roupagem não mudou, continua com jeans e camiseta, porém mais maduro, olhar um tanto perdido, mas o brilho permaneceu lá no fundo.
Como eu fiquei fitando-o fixamente, ele automaticamente virou o corpo e me encarou. Não sei se me reconheceu, eu também com uns quilinhos a mais, e os meus cabelos? Não estavam grisalhos como o dele, estavam totalmente brancos.
Deixei de pintá-los, quando a química de qualquer produto estava afetando a minha pele, perdi totalmente a coloração dos cabelos, então aboli a tudo que levava química, parei de pintar os cabelos, de usar creme no rosto, até manicure eu havia abandonado, deixando tudo ao natural, foi um tempo difícil para mim. Até suco era natural, nada de refrigerante ou suco de saquinho e de caixinha. Comida? Não comprava mais, só comia em casa. Feito por mim, pouco sal e tempero.
Hoje, estou retornando a utilizar alguns produtos, mesmo levando química, não consigo tempo e nem ânimo para cozinhar em casa, deixei esse luxo, só cozinhando quando o meu pequeno está comigo.
Tenho um netinho, nasceu e cresceu comigo, cuidei dele desde bebê, necessitava de cuidados, roupas e comida, por isso voltei a cozinhar e cuidar dele, agora já grandinho, me acompanha aos restaurantes quando vou comer, deixei de cozinhar outra vez.
Quando entrei naquele dia, nem sei porquê, pois estava com a minha matinal na bolsa, que consistia em uma banana, alguns biscoitos de sal, faria o meu café no trabalho.
Foi automático, saí do fretado e entrei na padaria indo até o balcão, avistei-o, parei e não saí do lugar, até que ele me olhou, fixou o olhar e depois um sorriso leve, talvez trazendo lá do fundo de sua memória, aquela garota sem sal que ficava pelos cantos a admirá-lo sem coragem de chegar perto, como todas as outras. Será que ele me notava naquela época?
Ele era popular, entre garotas e garotos. Aceitava tudo que era convidado a fazer, piqueniques, festas, passeios, praia, tudo era prazeroso para ele. Com um belo sorriso dizia: Bora!
O tempo passou, nesses dez anos deve ter vivido paixões, namoricos ou até se casado, talvez?
Fiquei a tecer mil conjecturas do que talvez fosse os dez anos dele, tomei o meu café feito robô, paguei e saí, não antes, olhar sorrateiramente aquele que tomou meus anos de sonhos e vida.
Nesses dez anos, após a formatura, busquei trabalho, aprendi a viver sozinha, um filho em produção independente, estava na moda, hoje pai de um lindo garoto, meu neto.
Ninguém precisa saber quão duro foi viver assim, sozinha, custeando-me e depois cuidando de um filho sem pai. Hoje, agradeço a Deus por ter vivido tão duramente, estou realizada, com trabalho leve, só para continuar a minha vida, porque jamais imaginei depender de alguém.
De quando ele entrou nos meus sonhos para cá, tenho tido companhia, e em sonhos podia fazer de tudo, então não via a hora de chegar a noite, me deitar e trazê-lo juntinho de mim, dividindo o travesseiro, trocando juras de amor, beijos deliciosos, troca de carinhos. Isso já durava alguns anos. Era meu companheiro noturno que de um tempo curto para cá, me assombra até durante o dia, quando nada para fazer, paro para pensar, logo ele vem e fica me observando com aquele sorriso torto. Minha respiração para coração falseia alguns compassos, penso agora não.
Às vezes, sentia-me tão leve, que parecia que o tinha mesmo ali, real e ao vivo. Meus olhos ficavam brilhantes, quando lembrava do que havia feito, então abria os olhos e via a bagunça que estava os lençóis e meu pijama amassado demais para uma noite bem dormida.
Quando isso acontecia, ao amanhecer ficava com pensamento nas névoas, corpo um tanto letárgico, lânguido, sorriso bobo e as calcinhas molhadas.
Parecia real, o sonho estava cada vez mais intenso, já não conseguia divisar se era sonho ou verdadeiro, até parecia que eu dormia para acordar e te receber nos braços, aí tudo que acontecia depois era delicioso, esperado e vivido com avidez de uma eterna apaixonada.
Parecia que estava vivendo outra vida, aquela que ficou para traz num tempo remoto e que agora vinha com força total para provar-me o quanto eu gostava disso.
Você que sempre se manteve distante na nossa adolescência, evitando-me, até.
Estava sempre junto de garotas e garotos, nunca sozinho, para não ter oportunidade de me encontrar a sós, talvez.
Hoje, fico pensando tudo isso, e a intensidade do que fazemos no meu sonho, faz-me pensar, o porquê de tudo isso? Por que não podemos ser assim quando estou acordada?
Será que estou ficando aloucada? De tanto querer algo, estou buscando em sonhos?
Por que nos sonhos, somos ainda tão joviais? Sou magra, corpo delineado em curvas, cabelos cheios espalhados no travesseiro florido, seios arredondados, quadris levemente curvilíneos, barriga reta, sem a gordurinha que se apresenta na vida real, você lindo, corpo sarado, cabelos curtos mostrando todo o rosto, sorriso lindo no rosto, aquele jeitinho maroto de ser, não o homem feito que vi na atualidade, ainda atraente e sensual, porém corpo mais cheio.
Nos sonhos, você vem sem trégua e nem pudor, toma-me nos braços sem demora, meio que urgente em me sentir juntinho de seu corpo, um abraço largo me colocando grudado a ele, com as mãos passeando pelas minhas costas, indo da nuca até abaixo da cintura e voltando, me extraindo suspiros de prazer.
Logo vem os beijos sedosos e leves que vai ganhando intensidade, desbravando todo o rosto, indo até o pescoço, voltando com mesma intensidade que as mãos vão ganhando até me deixar mole.
Não tenho resistência quando sou despida, e ajudo-o a tirar sua camiseta colada no corpo, tento abrir o seu cinto, mãos trêmulas antevendo o prazer do membro grosso e já úmido de prazer.
Cheiro indescritível de prazer, aquele cheiro só dele, misto de lavanda do perfume que usa, com o sexo delicioso de me tirar o fôlego.
Estamos nus, de pé, tremendo de prazer, ele passeia a sua língua pelo meu corpo, eu deixo que ele faça tudo e sinto que vou desfalecer quando ele vai chegando mais em baixo, até altura do umbigo, já estou molhada implorando que me tome. Ele beija a minha intimidade, lisa e depilada, passeia com sua língua até a extremidade, separa os lábios e segue até a fenda já palpitante e úmida, querendo mais. A língua passeia pela extensão de meu sexo, indo até a gruta molhada, entra e sai me tirando o fôlego. Estou ao delírio, me contorço e gemo…
Ele sobe, me olha com aquele olhar intenso, me segura pelos ombros e me encara como quem diz, você quer, então precisa pagar o tributo, me abaixa, me deixa de joelhos e eu vejo à minha frente aquele mastro ostensivo e vibrante a dizer, venha sou todo seu.
Abro a minha boca para exclamar qualquer coisa e ele entende que eu o quero devorar, entra e mostra a pulsação dentro de mim, eu sugo, chupo, lambo e sugo de novo, dou apertos com as mãos, ele não cabe todo na minha boca pequena, então eu o seguro pela base, massageio as bolas, e sugo tudo que vem da abertura molhada.
O prazer dele vem na minha boca, um gosto agridoce, cheiro peculiar, pulsante e cativante, eu me delicio, até que ele me levanta de novo, toma a minha boca na dele e suga tudo que tenho dentro, coloca sua língua dentro de minha boca e procura a minha língua numa dança estonteante.
Vai deslizando outra vez, até que eu falseio as pernas que trêmulas não sustenta mais o meu corpo.
Ele me pega no colo, me leva até a cama e me deita com delicadeza sem tirar sua boca da minha.
Logo está sugando meus mamilos intumescidos um de cada vez, tirando gritinhos involuntários de minha boca. Nesse momento quero-o inteiro dentro de mim, e ele adivinha, pega o preservativo e calça aquele volume delicioso e penetra sem dó, eu já pronta estou totalmente umedecida, recebo-o com doçura, meus gritos se intensifica a cada estocada, chamo-o pelo nome, peço mais…
Até que no auge, vamos à loucura juntos, chegando ao ápice do prazer intenso.
Ele grunhe, me segura as costas, me eleva levemente, para penetrar mais, eu o ajudo e arfo de prazer, grito, gozo, cravo as unhas nas costas dele, até que o silêncio vem.
Até encontrar o ar novamente, desmaio, fico imóvel e depois durmo um sono leve, sem mais sonhos, acordo feliz.
Sinto no despertar que a noite foi intensa e perfeita, só de sentir o molhado nas minhas partes preciosas e íntimas, que trabalhou a noite toda e obteve o prazer desejado e intenso.
Durmo mais um pouco, sem me importar com o lençol bagunçado e úmido. Precisava descansar.
Não sei até quando vou embarcar nessa loucura, ter esses sonhos malucos, mas enquanto dure, vou sonhando e me deliciando com ele ao meu lado me proporcionando tudo”.
Fim…
Ela ficava sempre de olhar perdido, quando a narrativa chegava ao fim.
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