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Waldorf

Waldorf e a pedagogia no desenvolvimento humano

É a partir de minúsculas sementes que nascem grandes florestas

Waldorf, ou Steineriana, é o nome dessa incrível proposta pedagógica, fundada pelo filósofo e fundador da antroposofia, Rudolf Steiner, em 1919.

A primeira escola foi fundada em Estugarda, na Alemanha, para os filhos dos operários da fábrica Waldorf Astoria. Hoje já existem 1182 escolas em todo mundo, 250 só no Brasil, partindo do jardim de infância chegando a atingir até mesmo universidades, como a Waldorf University, nos EUA.

Há muitos anos, quando o meu mundo era feito de viagens, amigos e baladas, minha irmã, que tinha acabado de entrar de corpo e alma no mágico limbo da maternidade com todas as suas alegrias e desafios, me falou dessa pedagogia com uma certa euforia.

E qual ser-humano, privado de filhos e completamente ignorante do mundo infantil, se interessaria por uma pedagogia? Mas era tamanho seu entusiasmo, o brilho em seus olhos enquanto me contava, a ênfase na sua voz, que foi irresistível querer ouvir mais e mais sobre aquele universo novo e fascinante.

Mesmo sabendo que o assunto estava há milhas de distância do meu mundo, fui ficando curiosa sobre tudo aquilo que estava atrás da pedagogia em si, ou seja, a filosofia antroposófica, na qual estuda em modo científico e unitário a realidade física e a dimensão espiritual, concebendo a manifestação divina em constante evolução.

Essa manifestação pode ser estudada e observada no equilíbrio e perfeição da natureza; no movimento das estações, no crescimento, maturação, morte e transformação de cada criatura terrestre; no ir e vir das espécies e das consequências do nosso impacto em um sistema tanto frágil quanto necessário.

Assim como a natureza em todas as suas manifestações, somos nós também, seres humanos, que nascemos da semente, crescemos, amadurecemos, morremos e nos transformamos em espíritos na essência e em alimento à terra, como carne.

Nessa concepção, Rudolf Steiner viu na psique infantil o mesmo potencial das forças da natureza, mas ao mesmo tempo a mesma fragilidade que faz com que esses sistemas sejam facilmente manipulados e destruídos à ocorrência.

Portanto, Steiner, baseado na tripartição do homem (corpo, alma e espírito), criou um método educativo de desenvolvimento harmonioso das faculdades cognitivos-intelectuais (pensamento), criativos-artísticos (sentimento) e prático-artesanais (vontade), para que os futuros homens e mulheres possam se sentir plenamente realizados.

Fundamentalmente, a criança passa a ser vista e tratada como uma preciosidade, uma pequenina semente capaz de processar informações e emoções de forma muito mais eficaz se deixadas livres à experimentação, à vivência, ao acolhimento, compreensão e aceitação das próprias emoções.

O educador, ou seja, todos aqueles que participam do crescimento da criança, se coloca diante dela com grande respeito, na profunda convicção que o papel do adulto seja aquele de criar um ambiente favorável para que a capacidade inata da criança possa se manifestar e se desenvolver harmoniosamente.

Meu maior desafio como adulta, crescida em uma sociedade tradicional, é saber como e quando estabelecer limites e regras, pois tenho enraizada a figura do autoritarismo tóxico, e olhar para a criança com esse grande respeito, requer de mim um enorme trabalho de desconstrução educacional, e por que não emocional também?

Grande parte do meu progresso no papel de mãe-educadora é graças à escola Rudolf Steiner de Rivapiana, na Suíça italiana, onde meus filhos estudam há mais de 2 anos, e à toda comunidade formada pelas famílias, mestres e alunos, já que o caminho de aprendizagem na ótica Steineriana e da Comunicação Não Violenta não é nem individual nem unilateral.

Dentro desse contexto, a pedagogia Waldorf, envolve ativamente as famílias a 360º desde à atribuição de turnos nas diversas tarefas até nas decisões de ordem organizativa e administrativa da instituição, transformando a realidade escolar em uma espécie de continuidade do lar.

Como mãe, acredito profundamente que todo esse investimento seja muito positivo e eficaz a curto e, principalmente, a longo prazo, contudo, é algo que exige muita energia, muita presença e foco; e sem querer passar a impressão de que sou a mãe perfeita, confesso que tem dias em que me sinto pior do que a Dona Hermínia Amaral!

Afinal, como tudo aquilo que ainda se encontra no processo evolutivo, eu também passo por momentos de grande cansaço físico-mental-emocional atravessando oceanos à nado para retornar ao meu equilíbrio; mas, quando nos rodeamos de pessoas positivas e com os mesmos propósitos, se reencontrar vira um lindo, enorme gesto de Amor.

Consciente do quão importante é o papel de um sistema pedagógico alternativo, completamente fora dos padrões atuais, na elevação do ser intrinsecamente completo, sou muito grata àquela irmã que, com tanto entusiasmo, compartilhou comigo essa realidade sem ter a menor ideia de que, um dia, isso faria de mim uma pessoa e uma mãe melhor para meus filhos e para a sociedade.

Assista ao filme Waldorf100. É muito emocionante! Eu chorei! Será que você também vai?

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Karla Rossette

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