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Por que é tão difícil sair de um relacionamento abusivo

Por que é tão difícil sair de um Relacionamento abusivo?

Alguns sentimentos dificultam a saída de um relacionamento abusivo

Relacionamento abusivo: por que é tão difícil sair de um, mesmo diante das dores, sofrimentos e angústias presentes, se afastando do abusador?

Para quem vive ou viveu dentro de um relacionamento abusivo, seja ele qual for, sabe que esse é um dos piores mundos para se estar.

É um mundo vazio, pequeno, solitário que, por alguns segundos, parece colorido, mas na maioria deles, na verdade, é cinza.

É tudo muito contraditório não é mesmo?!

Permita-se, então, se conhecer e entender por qual ou quais razões isso acontece.

Antes de adentrarmos em cada uma delas, é indispensável ressaltar que os relacionamentos abusivos não estão presentes somente nos relacionamentos amorosos, mas também entre familiares, amigos e colegas de trabalhos.

E, é claro que o relacionamento abusivo ocorre, como exemplo, entre pai e filho onde a dificuldade se torna muito mais clara.

Atenção: apenas para facilitar a compreensão, peço vênia para utilizar durante este artigo a pessoa abusadora, como sendo do sexo masculino e a pessoa abusada, do sexo feminino.

Pois bem.

O relacionamento abusivo é uma prisão onde a pessoa abusada, enquanto seus olhos estavam vedados, porém sua mente e coração contemplavam amor, alegria, esperança, confiança, dentre outros sentimentos positivos, por vontade própria e sem saber para aonde estava indo, adentrou.

Tudo é muito sútil.

Frise-se: a pessoa abusada não entrou nessa prisão conscientemente, como ocorre num sequestro.

A pessoa abusada literalmente se dirigiu até lá sem saber que estava indo viver num mundo reduzido, hostil e acachapante.

Pode ser que a venda dos olhos da pessoa abusada jamais seja por ela tirada ou até mesmo demore anos para que perceba a realidade que está vivendo.

O pior disso tudo é que, mesmo após a pessoa abusada obter a capacidade de tirar as vendas dos seus olhos e se conscientizar em qual mundo se encontra, ainda assim é difícil se levantar, encontrar a fechadura, obter forças para abri-la e sair desse lugar.

Toda essa dificuldade se dá pelo anseio de sentir, mesmo que minimamente, aquela sensação inicial lhe que era proporcionada quando o sapo (abusador) estava príncipe – o prazer do amor perfeito.

Quem leu o meu artigo Ele terminou comigo! A culpa é minha. Será mesmo? sabe exatamente onde quero chegar – sugiro que leia referida matéria.

vício
Vício – Relacionamento abusivo

O vício, pode ser, uma das razões pelas quais é difícil sair de um relacionamento abusivo.

Exatamente isso.

Para a pessoa abusada, todo o mal vivido neste mundo vale a pena, tão somente para sentir apenas alguns minutos daquela sensação do amor perfeito que lhe era dado no início do relacionamento e prometido, o para sempre, pelo abusador.

Aliás, a pessoa abusada ao se dirigir para o outro mundo acreditava que estava se dirigindo para a eternidade do amor perfeito – não para uma prisão.

A pessoa abusada se mantém presa, apenas pela espera de mais uma migalha de sensação do amor perfeito a qual lhe fora “dado” um dia.

A culpa é, também, um dos fatores relevantes que pode fazer com que a pessoa abusada continue com os pés fincados nesta prisão.

Antes que a abusada consiga retirar as vendas dos olhos para querer saber onde está, o abusador consegue convencê-la de que ela é culpada por estar naquele lugar.

E mais. O abusador persuadi a abusada de que é culpada por todo mal que ele lhe causa.

Para tornar a situação um pouco mais difícil, quando o abusador a violenta psicologicamente e fisicamente, além de dizer: “Olha o que você fez eu fazer. Você é culpada!”, a pessoa abusada concorda com essa afirmação tão dantesca.

Até que a abusada deixe de ser incompetente, mentirosa, traidora, egoísta, burra, pobre, gorda, fria, preguiçosa, louca, surtada, egoísta, briguenta, ciumenta, cozinheira de péssima ou mediana capacidade, dentre outros adjetivos, o abusador continuará praticando o mal mediante o convencimento de que a culpa é da vítima e, consequentemente “merecedora” de toda a dor.

Basta fazer ao que é certo aos olhos do abusador que, enfim ele reaparece com semblante do amor perfeito e fornece fragmentos daquele prazer sentido inicialmente.

E como uma droga, essa migalha fornece à pessoa abusada uma sensação de muito prazer.

Contudo, toda a sensação restante, tal como ocorre com um usuário de drogas, é: ansiedade, medo, culpa e até mesmo sensação de vazio – logo os efeitos do prazer desaparecem.

E o ciclo não cessa, visto que a pessoa abusada, de fato, crê que essa “droga” só não lhe é mais fornecida por ela não merecer, seja pelas suas incapacidades, defeitos ou atos.

Por tais razões é que a insanidade surge dentro da pessoa abusada enquanto vive num mundo tacanho e destruidor, no qual ela achou que ali estaria protegida.

Medo
Medo – Relacionamento abusivo

O medo, igualmente, pode ser uma das razões pelas quais é tão difícil sair de um relacionamento abusivo.

Medo de se levantar, achar a fechadura e se deparar com um mundo tão grande que se diga de passagem, era lá onde ela vivia antes de ir morar nesta prisão.

Isto porque, abusada consentiu que não é merecedora de nada e nem do amor de ninguém, mas tão somente o que o abusador lhe oferece e que, aliás, ainda é muito, já que não é digna de receber mais do que é dado – a culpa.

Medo da solidão, medo de não sentir aquela sensação novamente (droga), medo de sofrer, medo do novo, medo do medo, dentre outros.

Traumas de Infância
Traumas de Infância – Relacionamento abusivo

Os traumas, regra geral, de infância, podem, igualmente, dificultarem a saída de um relacionamento abusivo.

Ouso acreditar que grande parte das pessoas carregam dores dentro de si que sofreram na infância.

Tal como o abusador, a pessoa abusada carrega traumas de afeto advindos de um lar disfuncional, isto é, de um ambiente que fora praticado desamor, insensibilidade, depreciação, violência, humilhações, desprezo, dependência, abuso de substâncias, dentre outros, para com ela e/ou outros da família, padrões estes que poderão ser repetidos quando essa criança se torna adulta, seja de forma passiva ou ativa.

As dores e medos constantes acabam sendo desenvolvidos na personalidade da criança neste lar disfuncional, bem como uma “capacidade” de sobreviver a tal ambiente.

A pessoa abusada é justamente aquela que, quando criança, dada a imprescindibilidade de sobreviver ao lar disfuncional em que vive, a um cuidador abusivo, inconscientemente cria um papel para se sentir protegida sob a crença de que o abuso é normal ou deve ser consentido.

A frase “tudo por amor” em todas as circunstâncias reflete bem à essa realidade.

A subserviência e o conformar-se com a prática do mal em seu desfavor em nome do amor estarão intensamente presentes.
Outro grande problema é acreditar que o lar disfuncional se deu por culpa dela, criança, sem que tenha nenhuma responsabilidade.

Como essa criança carregou essa culpa, sem ter e, não conseguiu corrigir os problemas no seu lar; quando ela se torna adulta, acredita que no seu relacionamento será diferente.

Essa criança entendeu que deve ser aceito o mal em nome do amor e que precisa ser capaz de fazer diferente quando adulta, isto é, salvar aquele que ama, tal como tentou com seu cuidador, porém não conseguiu.

Quando adulta aceita a todo e qualquer tipo de sofrimento, se sacrificando em nome do amor, com objetivo de salvar o parceiro e alcançar o que não fora capaz de fazer quando na sua infância.

Como se pode notar, há razões plausíveis para a dificuldade de sair de um relacionamento abusivo, sem significar, por outro enfoque que seja impossível.

Para aqueles que não passaram por um relacionamento abusivo e espero que jamais passem, tais razões demonstram claramente que a pessoa abusada não é “mulher que gosta de apanhar”, tampouco “mulher de malandro” ou “sem vergonha”, como constantemente ouvimos da sociedade.

A mulher abusada é uma pessoa, tal como todos nós, que sofrera e sofre por ter entrado nesta prisão inconscientemente e que, mesmo após perceber que está vivendo num mundo tão tenebroso, não tem condições de sair, ao menos que obtenha ajuda.

Assim, ao invés de julgar, ajude!

Para você que está vivendo nesta prisão, acredite: é possível sair desse relacionamento abusivo.

Sim você consegue sair!

Pare e reflita. Olhe ao redor desta prisão e compreenda que todo sofrimento, dor e angústia não deixarão de existir, mas só tende a aumentar, podendo levá-la à morte, exceto se decidir se levantar, encontrar a fechadura e sair.

Questione-se se realmente vale a pena todo esse sofrimento por um pingo de prazer e se verdadeiramente o que lhe é dado hoje pode ser chamado amor.

Olhe para dentro de você. Permita que o amor próprio renasça ou surja.

Faça as pazes com seu passado.

Peça perdão para sua criança interna e prometa a ela que não permitirá que ninguém mais a machuque. Abrace a sua criança interna.

Perdoe aquele ou aqueles que te fizeram mal.

Sinta o quanto você é especial, especialmente por DEUS.

ELE a fez completamente diferente de todas as demais pessoas deste mundo.

Você é única!

Se tiver dúvidas disso, apenas olhe para as digitais dos seus dedos das mãos.

Ninguém neste mundo tem as digitais que DEUS colocou em seus dedos das mãos.

Perceba que o mundo no qual você tem medo de ir é o mesmo em que se encontrava antes de partir para essa prisão.

Se conscientize que a única pessoa que conseguirá salvar é você mesma – mais ninguém.

Não fique sozinha.

Busque ajuda de profissionais, especialmente se se tratar de casamentos e ocorrer violências físicas e ameaças, pois o sair desta prisão pode requerer estratégias e tempo.

Não deixe de estar ao lado de pessoas que a amam verdadeiramente, através do respeito e da reciprocidade – não aceite nada menos que isso.

Você deve à sua criança proteção e respeito!

Diferentemente da época da sua infância, hoje você pode optar em continuar ou sair desse mundo tão maléfico.

Escolha pela liberdade!

E não se esqueça que a luta é diária e obtenha a vitória de, pelo menos com o “só por hoje, não”.

A liberdade e a vitória a esperam!

Se este artigo te ajudou deixe seus comentários. Isto nos motiva a continuar escrevendo a nossa série sobre relacionamentos abusivos.

Não perca os artigos anteriores sobre a série relacionamentos abusivos.

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Patrícia Ávila

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